quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Inquietações...

(...) Era doloroso, porém, escrever aquelas linhas. Aquelas canetas recitaram um mesmo nome por muitos anos, como em uma oração silenciosa e devota. Aquele nome não era comum àquelas linhas, seus cadernos e agendas. A primeira vez que escreveu seu nome (e era um longo nome), logo abaixo do seu, para ver como soava, sentiu o rosto esquentar. Temeu que alguém visse, que apontasse o dedo e gritasse sua leviandade. Apagou apressadamente, passando freneticamente a borracha sobre tudo, como que para dissipar as ideias. (...)



(...) Era certo, no entanto, que o deslumbramento sobre aquelas revelações, de alguma forma, não fossem tão surpreendentes assim. Afinal, ainda residia em torno de si, todo o clichê sobre sua idade ainda jovem, de gostar de estar com as pessoas e de que ainda via coisas possíveis em coisas impossíveis. Assim, seria quase um crime que, com tanta fome pelo viver, este fosse recebido com uma vida sozinha. (...)




(...) Reviu por um longo tempo tudo o que conversaram. Tentou, como toda mulher, encontrar ao menos o menor resquício de que fosse recíproco. Porém, fora o flerte natural e inerente a qualquer conversa entre um homem e uma mulher com interesses em comum e dos elogios pela coincidência destes, não encontrou quaisquer revelações ou garantias disso. De alguma forma isso foi tranqüilizador, contudo, também foi um pouco frustrante. Afinal, possuía algum ego ainda ali e, não faria mal algum ser o motivo da inquietação de alguém, principalmente, quando este alguém era o motivo de toda a sua inquietação. (...)




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