quarta-feira, 27 de julho de 2011

Vai Passar...






Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói, é horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. Dor é assim mesmo: arde, depois passa. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. A gente acha que não vai aguentar, mas aguenta as dores da vida. Pense assim: agora está insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou, agora já são dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que há duas linhas atrás. Você acha que não porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte, ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já está lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo - é difícil de acreditar, eu sei - vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo para ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. Como cantou Vinícius: "É melhor viver do que ser feliz". Porque para viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita...
Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado para trás, cai. Dói, eu sei como dói. Mas passa. Está vendo a felicidade ali na frente? Não, você não está vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir, porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o único jeito de deixá-la para trás é continuar andando. Você vai ser feliz. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.




P.S: Esse texto não é meu claro e sim de alguém conseguiu traduzir meus anseios... Antônio Prata.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

I'll miss you Amy...you chose the wrong exhaust valves


TEARS DRY ON THEIR OWN
Amy Winehouse
Composição: Amy Winehouse / Nickolas Ashford / Valerie Simpson

All I can ever be to you,
Is a darkness that we knew
And this regret I got accustomed to
Once it was so right
When we were at our high,
Waiting for you in the hotel at night
I knew I hadn´t met my match
But every moment we could snatch
I don't know why I got so attached
It's my responsibility,
And You don't owe nothing to me
But to walk away I have no capacity

He walks away
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way
In this blue shade
My tears dry on their own.

I don't understand
Why do I stress a man,
When there's so many bigger things at hand
We could have never had it all
We had to hit a wall
So this is inevitable withdrawl
Even if I stopped wating you,
A perspective pushes through
I'll be some next man's other woman soon

Ah can I play myself again?
Or should I just be my own best friend?
Not fuck myself in the head with stupid men

He walks away
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way
In this blue shade
My tears dry on their own.

So we are history,
Your shadow covers me
The skies above a blaze

He walks away
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way
In this blue shade
My tears dry on their own.

I wish I could say no regrets
And no emotional debts
'Cause as we kissed goodbye the sun sets
So we are history
The shadow covers me
The sky above a blaze
That only lovers see

He walks away
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way
My blue shade
My tears dry on their own. (whoa)

He walks away
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way
My deep shade
My tears dry on their own

He walks away
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your way
My deep shade
My tears dry

sábado, 23 de julho de 2011

I Hate The Love






"...Você já esteve apaixonado? Horrivel não é? Te deixa vulnerável. Te abre o peito e te abre o coração e quer dizer que alguém pode entrar em você e te detonar por dentro. Você constrói todas essas defesas. Constrói uma armadura completa, e por anos nada pode te machucar, aí­ uma pessoa estúpida, nada diferente de qualquer outra pessoa estúpida caminha para dentro da sua vida estúpida… Você dá a essa pessoa um pedaço de você. Essa pessoa não pediu por isso. Essa pessoa fez algo besta um dia, como te beijar ou sorrir para você, e aí a sua vida não é mais sua. O amor toma reféns. O amor entra em você. Te come por dentro e te deixa chorando na escuridão, e frases simples como “talvez devêssemos ser apenas amigos” ou “nossa, que perspicaz” se transformam em farpas de vidro movendo-se para dentro do seu coração. Dói. Não apenas na imaginação. Não apenas na mente. É uma dor na alma, uma dor no corpo, uma dor do tipo que-entra-em-você-e-te-arrebenta. Nada deveria ser capaz de fazer isso. Especialmente o amor. Eu odeio o amor "



Neil Gaiman, Personagem Rose Walker in The Sandman #65


P.S: Eu só estou tão cansada de tudo isso que até me surpreendo que um coração como o meu ainda sinta algo. Bom ou ruim. Eu só estou tão ca(n)sada dessa porcaria toda que as lagrimas não me obedecem. Não caem agora e inventam de sair num ponto de onibus, no meio de um comercial de ofertas, ao fumar o cigarro da noite...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Auto ajuda não é engraçado

Auto ajuda é um bicho engraçado não é?
Esses dias tomando café na supreme arábica que tem na rua do meu serviço (adoro essa cafeteria porque o café muito bom e não porque tenha livros para comprar e folear...imagina!) comprei um livrinho para engolir doses homeopáticas de auto ajuda

Minutos de sabedoria...

Esse livro é muito antigo (desde que me vejo por gente encontro este ou aquele que tenha na bolsa) e acho as mensagens fofinhas para dar uma dose de otimismo para aquele dia duro.
Achei também dentre os milhões de emails de auto ajuda umas dez regras para se manter jovem e cheguei a uma conclusão sobre esse negócio de conselho:
A gente pode aprender com o outro, mas de 100% do que ele te falar você aproveita 1% e olhe lá e o resto você discorda totalmente!!!

Abaixo um exemplo prático disso, essas regras só te deprimem porque se você não vive ou não consegue viver assim é um bosta? Não !!!! eu mesmo tenho minha receita de auto ajuda, ou seja: minha receita para ME ajudar e que com certeza não serve pra ti porque você tem outra vida...sacas? olha essa...

Como manter-se jovem:
1.
Deixe fora os números que não são essenciais. Isto inclui a idade, o peso e a altura. Deixe que os médicos se preocupem com isso.
Do it e me conte como...não tem aquele botton “quer emagrecer?pergunte-me como”? pois é, vou fazer um “emagrecer?conte-me como!” idade, peso e altura são o complexo pra fazer piadinha, claro que não pode ser um empecilho mas é o nosso charme (ou não) que odiamos e faz bem ter coisas para odiar... é saudável separar o que gostamos e o que não gostamos....

2. Mantenha só os amigos divertidos. Os depressivos puxam para baixo.
(Lembre-se disto se for um desses depressivos! )
Amigos divertidos são ótimos, mas amigos de todos os tipos são perfeitos! O depressivo pode ser uma fase, os divertidos não cabem em toda a situação...mas concordo que manter pessoas para cima mais próxima é bem melhor... ah, e quase ia esquecendo: se você é um amigo depressivo lembre-se que suas vitorias e derrotas são sa responsabilidade meu bem...

3. Aprenda sempre:
Aprenda mais sobre computadores, artes, jardinagem, o que quer que seja. Não deixe que o cérebro se torne preguiçoso.
'Uma mente preguiçosa é oficina do Alemão.' E o nome do Alemão é Alzheimer!
Taí o 1% que vou aproveitar e é facinho de cumprir...ocupar a mente evita que você se importe com os números da regra um, que se deprima com os amigos da regra dois e até mesmo que leia as bobagens desse blog...ai não hein? Ler a opinião dos outros faz bem...

4. Aprecie mais as pequenas coisas
Valorize as pequenas coisas...seja otimista...se motive...ah vá! Motivação é dinheiro no bolso e uma boa noite de foda...

5. Ria muitas vezes, durante muito tempo e alto. Ria até lhe faltar o ar.
E se tiver um amigo que o faça rir, passe muito e muito tempo com ele!
Essa eu cumpro fácil porque dou risada de tudo...mas o perigo aqui é se tornar cidadão burro que ri da própria desgraça...tenha um humor seletivo. E ácido de preferência!

6. Quando as lágrimas aparecerem
Aguente, sofra e ultrapasse.
A única pessoa que fica conosco toda a nossa vida somos nós próprios.
VIVA enquanto estiver vivo.
Essa leva o segundo botton “aproveitar a vida?mostre-me como!”, superar lagrimas? Cara, daqui só repito o que o pequeno príncipe disse “é tão estranho o país das lágrimas!” não dá pra dar conselho aqui, assim como não dá pra consolar na morte...só podemos ficar do lado e abraçar, oferecer lenço... e olhe lá!

7. Rodeie-se das coisas que ama:
Quer seja a família, animais, plantas, hobbies, o que quer que seja.
O seu lar é o seu refugio.
Lembrei do pastor que falou que ia orar sobre a casa de uma senhora naqueles programas que o cara fala contigo por telefone e perguntou para ela “qual a cor da sua geladeira!" e ela responde humildemente “eu não tenho geladeira”...lar, família e coisas são muito delicadas de discutir então eu aconselharia algo como “tenha um canto de refúgio”

8. Tome cuidado com a sua saúde:
Se é boa, mantenha-a. Se é instável, melhore-a.Se não consegue melhora-la , procure ajuda.
Essa seria um ótimo conselho se os planos de saúde ou a própria saúde publica não nos estressasse mais do que o motivo que nos levou a procurá-los...

9. Não faça viagens de culpa. Faça uma viagem ao centro comercial, até a um país diferente, mas NÃO para onde haja culpa
E se suicide se não tiver grana para viajar...? viaje num livro! É barato e tem biblioteca até dentro de açougue hoje em dia...

10. Diga às pessoas que ama que as ama a cada oportunidade.
Isso eu aconselho mas não mando...diga que se ama se preocupando como você um pouquinho...ajudar o próximo so é possível se tivermos um dosezinha de egoísmo para conosco senão não teremos estrutura para suportar o problema do próximo.

E se não mandar essa corrente para alguém... sua chefe não terá material para produzir o próximo material de motivação da empresa! OMG ^.^

quinta-feira, 7 de julho de 2011

TopTop Frio...




Coisas legais para fazer no frio

U.U'
Tomar chocoate quente com biscoito maria...
U.U' Se enrolar no cobertor bem quentinha e assistir um filme legal
U.U' Tomar um banho bem quentinho e sair soltando vapor (sair de fato não é tão legal)
U.U' Meias quentinhas
U.U' Namorar debaixo das cobertas...
U.U' Sopas, caldinhos, cremes...

Coisas estranahas de se fazer no frio

Ó.ò
Ficar sem tomar banho por preguiça de tirar a roupa
Ó.ò Sair sem blusa pra não carregá-la "caso esquente"
Ó.ò Ligar o ar condicionado (hã?)
Ó.ò Toma banho a dois (ninguém nunca quer sair pra se ensaboar)
Ó.ò Tomar sorvete (depois pra esquentar as mãos...)
Ó.ò Triathlon (depois de nadar correr...?brrrrr)

Coisas péssimas do frio

Brrr...
Lavar louça
Brrr...Sair para trabalhar cedo
Brrr...Ficar por cima (!)
Brrr... Esquecer o guarda chuva naquela garoa e chegar gelado até os ossos...
Brrr... meias molhadas
Brrr... ficar no ponto de onibus

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Lar é um estado de espírito




Casa arrumada é assim: Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz. Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela. Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas... Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida... Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar. Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha. Sofá sem mancha?Tapete sem fio puxado?Mesa sem marca de copo?Ta na cara que é casa sem festa. E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança. Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde. Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto... Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda. A que está sempre pronta pros amigos, filhos, netos, pros vizinhos... E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente. Arrume a sua casa todos os dias... Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela... E reconhecer nela o seu lugar.

Ah Carlos...esse seu saudosismo me dá uma melancolia...


Carlos Drummond de Andrade descreveu minha casa nessa crônica, a casa dos meus pais...onde minha mãe desfilava infinitos rosários de reclamações porque éramos bagunceiros, porque vivíamos brigando... Meu pai se irriatava com os teatrinhos inventados justo na hora do jornal, das brigas nos jogos de futebol de domingo...da casa cheia no almoço com macarrão...Pai, mãe...não éramos terríveis. Éramos felizes!

terça-feira, 5 de julho de 2011

Uma situação. Várias hipóteses

Cara, as pessoas REALMENTE me fazem rir...

Estava zapeando na Net (se vocês repararem nos meus posts eu sempre estou zapeando na TV, lojas, Net...sou indecisa por excelência) quando vi 10 motivos para odiar a saga crepúsculo...achei engraçado um título assim, como assim 10 motivos para odiar? Quem era alguém para me fazer odiar qualquer coisa que seja? Se ele dissesse “10 motivos que crepúsculo não é uma boa saga” ou “10 motivos para duvidar da saga...” tudo bem mais “odiar”? sem problema, adoro uma polêmica lá fui eu ler os 10 ditos motivos...
(se você quiser sabê-los não gosto de tirar o credito de ninguém então vá lá lê-lo clicando aqui)
Sinceramente? Achei os 10 motivos tão fraquinhos, pois eles colocavam em questão coisas pessoais dos atores o que não achei legal, pois o foco era a saga em si, filmes e livros e não a vida pessoal dos atores... Assim, resolvi criar eu mesma: 10 motivos para você questionar a saga e em contrapartida, como sou uma pessoa versátil, 10 motivos para você acreditar na saga!


10 Motivos para você questionar a saga de Bella Swan


1. Vampiros são maus! Esse negócio de comer coelhinho, viadinho e leãozinho num dá! A graça do vampiro é exatamente a maldade tão parecida com a humanidade, o vampiro é parecido conosco por sua crueldade e não por sua bondade! Fazer um filme com um vampiro muito bonzinho fica caricato, seria o mesmo que fazer um filme sobre o Fred Gruger onde ele se arrependesse de torturar nossos sonhos e começasse a aparecer só nos sonhos bons... Achou graça? Pois é, cada personagem no seu imaginário...

2. Stephenie Meyer não escreve tão bem assim... Calma eu explico! Eu concordo em gênero, numero e grau que um bom livro é aquele que consegue alcançar todos os públicos. Trocando em miúdos, tanto um graduado quanto um alfabetizado consegue ler, a questão está que um livro muito fácil de ler não nos acrescenta em nada... É jogar Mario Bros na primeira fase por um ano inteiro! A gente não aprende novos macetes pra passar de fase e nem consegue ensinar nada pros amigos e o livro é a mesma coisa, ele tem que nos mostrar novos mundos, novas culturas e isso falta muito na Stephenie... Ela está muito presa aos personagens, precisa conhecer a Itália pra falar dos Volturi, conhecer as florestas para fugir de termos como “verde e mole”, ou seja, nos transportar para novos lugares como é a função de um bom livro.

3. Os personagens sofrem muito. Os dramas acrescentam em nossa vida só que é preciso fugir do drama mexicano em que a mocinha se fod...! a trama inteira e no fim se dá bem, isso é óbvio e um livro, filme etc. não pode ser óbvio! Eu já tenho coisas demais obvias na minha vida pra sair de casa procurando um filme ou livro e cair na mesmice... Todos têm suas cruzes e vitórias e é preciso trabalhá-las, num livro em que grande parte do público é adolescente isso chega a ser perigoso, pois nessa fase estamos formando nosso caráter.

4. Algumas partes da história não estão bem amarradas. Temos a responsabilidade ao escrever de ter coesão e coerência igualzinho nossas professoras ensinaram na aula de redação... Inclusive na composição dos personagens! Se a Alice era telepata, porque ela não viu Jasper atacar Bella? Isso é um exemplo de um buraco na história, um personagem mau trabalhado.. Entendeu? Quem disse que escrever é fácil? Se fosse assim, qualquer funk por aí era música e haveria mais músicos que intérpretes...

5. Alguns personagens são muito idealizados. Isso torna a história previsível e chata. Sabe quando vamos assistir a um filme de mistério e a história começa calma e tranqüila pensamos “bem que podia continuar assim né? Porque eles foram fazer/falar/abrir/pegar/ouvir tal coisa?” e a resposta é: porque senão não iríamos assistir! O mesmo vale para personagens muito perfeitinhos... Tudo bem que são seres mágicos e imortais mais voltamos para aquele papinho de que o que nos atrai nestes personagens são as semelhanças com as fraquezas humanas.

6. Clichês enjoam a gente. Muito amorzinho, benzinho e “você é minha vida” causam náuseas e isso é porque a-d-o-r-o um romance, imagina então aquele menino que você tá a fim e é chegado numa ação nas telinhas? A gente não gosta de homem muito bonzinho não, a gente gosta é daquele que ignora, não liga quando fala que vai ligar, mas nos surpreende com uma camiseta e um ingresso do show que estávamos super a fim de ir ao invés das manjadas flores que iriam parar no lixo amanhã... Romance é legal, porém a vida pode ser mais do que falas decoradas e situações manjadas.

7. Definitivamente você não queria ser Isabella Swan. Porque não? Você realmente trocaria sua independência, seus amigos, família, escola, profissão e vida para ficar SÓ com uma pessoa? Se a sua resposta foi sim, pergunto diferente: o que você diria a uma amiga assim? Ah.. Agora a história mudou, certo? A gente quer encontrar alguém mesmo sendo velho, novo, burro ou mal humorado só que se perdemos nossa identidade, o que restará para o outro amar? Bella só teme que Edward a deixe porque ela pára de se gostar e começa a colocá-lo no centro do universo... Quando ele vai embora e ela conhece outras coisas que a história fica interessante entende? A gente não pode ser SEMPRE o centro dos problemas, dos sofrimentos e lamúrias, podemos aprender com os erros alheios...

8. Falta pimenta nessa birosca. Calma de novo! Eu sei, sei, sei... Aquele papo de representatividade em que desde um a criança até um adulto pode ler, mas o romancinho deles é doce demais! O vampiro tem uma natureza mais predadora e é exatamente isso que Edward perde, ele perde um pouco da identidade do vampiro. Talvez a autora pudesse ter explorado isso em outro aspecto, ela nos achou sensíveis demais, nos poupou muito de ação... Calma Step... Não somos Bella, nós agüentamos!

9. Definitivamente você não queria um Edward Cullen em sua vida... Queria? Eu sou louca? Tá bom, então imagina você a eternidade inteira com um cara que comporá canções de pianos pra você, cantará pra você dormir, achará seu cabelo “monte de feno” lindo.. Perfeito até aí certo? Nunca te dará “aquela” pegada depois do cinema com medo de te machucar, ele nunca dirá: vai sair com eeessa saia? Nunca! Pois ele não quer te pressionar, nunca brigará já que ou você tem sempre razão ou ele já decidiu o que é melhor para você, nunca comprará aquele filme novo, pois antes terá de assisti-lo para decorar as falas para repetir na sua orelha durante o filme, colocará no mute todas as cenas de susto dos filmes para não abalar sua sensibilidade e dificilmente tomará um banho de chuva com você, pois temerá por sua vida humana e sensível... De novo repito: chapeuzinho gosta mesmo é do lobo mau. Queremos cavalheiros em nossa vida, mas gostamos de nos surpreender e principalmente gostamos daquela briguinha que faz a reconciliação ser muito melhor.

10. Essa é a principal: vampiros têm suas próprias lendas que o caracterizam e quando a tiramos quebramos parte do encanto, as fraquezas de cada lenda compõem o nosso imaginário, eu entendo que a Step queria tornar os vampiros mais próximos de nós, mas ela os ridicularizou ao enfiá-los em escolas para aprender por 90 anos as mesmas coisas ou faze-los andar no sol... Faltou um pouco de criatividade para driblar esses “obstáculos” sem domesticar os pobres vampiros...





10 Motivos para você acreditar na saga



1. As histórias de amor são histórias de amor. Comoéqueé? Se você me achou louca por começar minha defesa com esse argumento eu retifico a tempo: tem coisas nas histórias de amor que precisam estar lá para ser assim: como diria Fernando Pessoa “todas as cartas de amor são ridículas” e é isso mesmo! Seu namoro só é namoro mesmo, quando podemos colocar apelidinhos no nosso bem querer, e dar risadinha com os bilhetinhos trocados e a saga tem muito isso. O amor de Bella e Edward é aquilo que a gente quer ver num romance: nhenhenhe e melação.

2. Gostamos de ideais. A gente pode até não agüentar um cara que chora toda vez que pega nossa mão ou escreve uma poesia até do jeito que palitamos o dente (nunca fazemos isso!), mas mesmo assim não cansamos de dizer que não existem homens românticos... Edward Cullen é um ideal de cavalheirismo atenção e magnetismo. Ele é aquele primeiro cara que gostamos na adolescência e sem saber ao menos o nome dele imaginávamos que ele era perfeito, educado, carinhoso... Quem não iria querer uma vezinha sequer um cara que nos pegasse da escola e ficasse só ouvindo “e com interesse” tudo o que gostamos, fazemos e pensamos? É tudo de bom!

3. Dinheiro não é nada mau. E daí que gostamos do Volvo prata de Edward? De seu piano e seus presentes? Se Bella não quer dá licença, pra mim amor? Não precisava... Não somos interesseiras, mas que o dinheiro ajuda nuns passeios mais legais isso ajuda, um cara que não vai torcer o nariz por você querer um tobletone no cinema ao invés da caixa de bis que ele escondeu na mochila que comprou no mercado com o vale alimentação da mãe... Sonhar com comodidade nunca é demais, diga o homem que nunca desejou parar de se torcer como um contorcionista o volante do seu poisé para ter uma direção hidráulica...

4. Todos têm um pecado pessoal. Atire a primeira pedra aquele que não tem uma musica secreta: aquela que temos vergonha de confessar até para a melhor amiga, mas que mexem nossos pés por baixo da mesa... Esse filme é a mesma coisa! Sabemos de todos os contras, das falhas, mas mesmo assim não conseguimos resistir. É começar o chaves 17h30min e a gente correr para assistir pela milésima vez aquele episódio e rir a beça..é aquela roupa que fica péssima na gente mas adoramos e vestimos sozinha em casa sem ninguém ver, aquele menino medonho que você amava de paixão... Todos temos nossas breguices pessoais inconfessáveis!

5. A Stephenie Meyer conseguiu fazer um livro que a gente consegue devorar. Não cruzei com ninguém ainda que tenha livro o livro com mais de 15 dias, a história nos envolve!A gente se identifica com muita coisa dos personagens. Alguns temperamentos batem com os nossos e a gente acaba criando um vínculo... Nem mesmo o Zé do Caixão que detonou a saga ainda falou que havia gostado dos lobos então meu bem, seja o briguento Emment, a metida Rosálie ou a espevitada Alice... Se ache no mundo de Forks!

6. Vampiros, lendas e imaginário são exatamente isso: imaginário. Então imaginário é o que a gente quiser! Quando eu era solteira eu queria um cara de ficasse bem de samba canção e havaianas... Serio! É o meu segredo brega e esse era meu ideal de homem (entre outras características) e cada um tem o seu... Se você quer um vampiro que cante para você dormir, não queira só sexo e brilhe no sol o que qualquer um tem a ver com isso?

7. Fez sucesso então não é um “nada” como muita gente quer fazer-nos acreditar. A equação é simples: vende porque tem público e por isso tem mais dinheiro pra publicidade, propaga e pronto! Receitinha básica para engordar bolso de escritora e fazer adolescentes comprar até o caderno de anotações da diretora (a primeira diretora lançou seu caderno que conta como foi produzir o primeiro filme) então quem não pode acompanhar sebo ou lançamentos fora e aqui acaba sabendo do que tem mais divulgação... Mas não se engane: a revista da mulher melancia vendeu meio milhão de exemplares e eu não diria que por isso ela merece a academia brasileira de letras...

8. Dificilmente romances vão para o Oscar... Por quê? Porque são previsíveis! E alguém deixa de assistir? Não! Os filmes brasileiros não ganham estatuetas, mas nem por isso deixo de acreditar que “o auto da compadecida” é um dos melhores filmes de comédia que assisti... Tenho um amigo fã demais do Zé do Caixão e eu já acho muito forte, prefiro Entrevista com o vampiro... Se alguém discordar, tudo bem! Esse oitavo motivo tem o objetivo de dizer com todas as letras: cada um gosta do que quiser! E isso é ótimo por que transforma a nossa rodinha de fofocas muito mais diversificada.

9. Nem por isso deixo de ler outras coisas. Não gosto de ser taxada de roqueira ou boemia. Não gosto de ser taxada de ler só terror ou só suspirar com filme de romance.. Tenho meus gostos é claro, mas gosto de experimentar outras coisas... Um amigo “best” me mostrou uma banda chamada “She wants Revenge” e eu adorei! Um outro amicíssimo e emprestou os livros de terror do André Vianco e eu fiquei vidrada na saga então eu gosto de ler muito, ouvir muita coisa diferente e assistir outras coisas assim posso comparar e escolher meu preferido para cada ocasião... Nunca diria que Crepúsculo é melhor que Entrevista com o vampiro, por exemplo, mas mesmo assim ele tem seu mérito e um lugar na minha estante (que Anne seja uma dama e dê uma licencinha pra Step sentar a seu lado...).

10. Esse é o melhor motivo em minha humilde opinião... Qualquer coisa vale a pena para ver fortões bronzeados sem camisa correndo e emanando testosterona... Se um homem assiste 120 min. de Velozes e Furiosos 8 – detonando em Butão só pra ver carros em movimento, porque não posso suspirar um pouquinho? Jacob! Espera aí, vou com você!!!!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Trechos deliciosos, livros incríveis.





Fahrenheit 451


O livro é uma viagem! Ele se passa no futuro, mas o autor teve a consciência de não especificar o ano, assim, sempre parece que é algo ainda a acontecer... E olha que faz uma cotinha que ele foi escrito (1953). Ele trata uma era que os livros foram proibidos e a TV veio para ficar nas casas, os imóveis são a prova de fogo e por isso mesmo a profissão de bombeiros toma um rumo no mínimo curioso: o de incendiar os poucos livros (e rebeldes) que resistiram a era tecnológica.


Sim, os livros foram proibidos, mas mesmo que não fosse, essa seria a ordem natural da população. Descartá-los frente a uma opção mais rápida que são as mídias. Tudo trabalha para que a sociedade pense cada vez menos e tenha cada vez mais pão e circo...


O que impressiona na obra é a proximidade com nossa década, a geração Y em que a internet tornou tudo mais rápido, fácil e... Estéril.


Engraçado pensar em futuro e em comodidade. Queremos igualdade, os preconceitos, homofobias e racismos são duramente combatidos, só que fico aqui a me perguntar: sem conflito a gente não se torna meio que hipócrita?


Tipo assim, pelo amor de Deus que odeio preconceito! Cada um deve viver como quiser, deve pensar o que quiser e não tem que rechaçar o outro de jeito nenhum...porém, isso não pode impedir tua liberdade entende? Também não... há, há, há


O livro é distópico, ou seja, é uma utopia só que para o negativo, uma utopia de um mundo mau em que ninguém mais se choca com nada, nem uma verdade te convence... Gosto de ter os meus incômodos e ficar triste e irritada e acho que isso faz parte da busca do homem...os livros são isso! Não dá pra viver tudo de todo lugar e eu nem quero isso, mas dá pra viver isso na literatura, sem ter que subir na montanha de verdade, ou melhor: vivo tudo lá e escolho o que quero fazer na realidade.


Mas a TV já traz tudo mastigado... seu conceito de beleza e sexualidade passa a ser o conceito de beleza de um grupo e minha imaginação (que é foda) fica lá, a ver navios.


Trago um trecho do livro pra te dar essa fome de saber mais sobre esse mundo de ficção científica...


_______________________________________________________

— Todo o bombeiro, mais cedo ou mais tarde passa por isso. Eles só precisam compreender como a roda gira... Basta conhecer a história da nossa profissão. Agora já não explicam aos novos, como dantes. É pena — baforada — Hoje, apenas os chefes se lembram — baforada — vou-te pôr a par.
Mildred mexeu-se, pouco à vontade.
Beatty deixou passar um bom minuto, refletindo no que ia dizer.
— Você pergunta: quando começou o nosso trabalho, como e onde? Pois bem, na realidade o ponto de partida remonta à época chamada Guerra Civil. Embora no texto do nosso regulamento a data seja anterior. O fato é que não tínhamos nenhum papel a representar antes da aparição da fotografia. Depois, veio o cinema... no princípio do século xx. Depois a rádio. A televisão. O elemento massas entrou então em cena.
Montag continuava imóvel, sentado na cama.
— E esse elemento de massas veio simplificar os problemas — continuou Beatty. — Primeiro, os livros apenas interessavam minorias, aqui e ali. Podiam se dar ao luxom de ser diferentes. O mundo era vasto. Depois o mundo encheu-se de olhos, de cotovelos, de bocas. A população dobrou, triplicou, quadruplicou. Os filmes e a rádio, os magazines, os livros, foram nivelados, está me acompanhando?
— Acho que sim.
— Imagine o quadro. O homem do século XIX, com os seus cavalos, os seus cães, os seus trens; lentidão do movimento. Depois a aceleração, a câmara. Os livros resumidos. As condensações, os resumos, tablóides; tudo subordinado a gags, ao final emocionante.
— O final emocionante — disse Mildred, aprovando com a cabeça.
— Os clássicos reduzidos para compor emissões de rádio em 15 minutos, depois resumidos novamente para uma coluna de livro de dois minutos de leitura, enfim, arranjados para um verbete ne dicionário de dez a doze linhas. Estou a exagerarando um pouco, é claro. Os dicionários serviam apenas de referência. Mas para muita gente, Hamlet, crtamente você conhece, Montag, provavelmente a senhora talvez os tivesse ouvido apenas citar, Hamlet era apenas um resumo de uma página, num livro que declarava: "Finalmente, todos os clássicos ao seu alcance; faça igual ao do seu vizinho." Está vendo o que quero dizer? Da sala das crianças ao colégio e do colégio à sala das crianças. Eis o traçado da curva intelectual para os últimos cinco séculos.
Mildred ergueu-se e começou a arrumar a sala. Beatty pareceu não notar a sua atividade e continuou:
— Acelera mais o filme, Montag. clique, fotografe, olhe, observe, rápido, aqui, ali, em cima, em baixo, dentro, fora, porquê, como, quem, o quê, onde, hem? Olá! Bang! Smac! Upa, Bing, Bong, Bum! Resumos de resumos. Resumo de resumo de resumos. A política? Uma coluna, duas frases, uma manchete! Depois no ar tudo se dissolve! A mente humana gira num tal ritmo sob as mãos dos editores, dos produtores, dos apresentadores que a força centrífuga elimina todo pensamento desnecessário, desperdiçador de tempo!
Mildred endireitava os lençóis. Montag sentiu o coração aos saltos enquanto ela mexia no travesseiro.
— As aulas tornam-se mais curtas, a disciplina é relaxada, a Filosofia, a História, as línguas abandonadas, o inglês e a sua pronúncia abastardados pouco a pouco e, finalmente, quase ignorados.
Vive-se no imediato. Apenas conta o trabalho e, após o trabalho, a dificuldade da escolha de uma distração. Para quê aprender qualquer coisa, além de carregar botões, ligar comutadores, enroscar para fusos e porcas?
— Deixa-me arranjar o teu travesseiro — disse Mildred.
— Não — murmurou Montag.
— O zíper substitui o botão, pois o homem não tem tempo para refletir nem para se vestir, de manhã Não há hora de filosofia, nem hora de melancolia.
— Aqui —disse Mildred.
— Sai! — gritou Montag.
— A vida torna-se uma imenso tobogã, Montag; Vlan! Puf e uau!
— uau! — disse Mildred, puxando o travesseiro aos safanões.
— Pelo amor de Deus, me deixa em paz! — gritou Montag ferozmente.
Beatty abriu muito os olhos.
A mão de Mildred tinha estacado, atrás do travesseiro. Com a ponta dos dedos, apalpou o contorno do livro e, tendo-lhe reconhecido a forma, ficou com um ar surpreendido, depois aturdido. A boca abriu-se-lhe, para fazer uma pergunta...
— Tira tudo ods teatros, exeto os palhaços e instalar nas salas com paredes de vidro e fazer passar lindas cores nelas, como confetti, sangue, Sherry ou Sauternes. Gosta de basebol não gosta Montag?
—É um bom esporte.
Beatty estava agora quase invisível. A sua voz emergia por entre a tela de fumaça.
— Que é isto? — perguntou Mildred, quase com prazer.
Montag voltou-se, apoiado nos braços.
— Isto aqui, o que é? — repetiu ela.
— Vai sentar, mulher! — uivou Montag. Ela saltou para trás, as mãos vazias — estamos conversando.
Beatty continuou, como se nada tivesse acontecido:
— Gostas do boliche não gosta Montag?
— O boliche, Claro.
— E do golfe?
— O golfe é um bom esporte.
— Basquete?
— Um excelente esporte.
— Bilhar? futebol?
— Todos esses jogos e esportes são perfeitos.
— Mais esportes para todos, espirito de equipe, diversão e o desejo de pensar é eliminado, não? Organizem, organizem, superorganizem superesportes. Multipliquem as ilustrações dos livros,mais figuras. A mente bebe cada vez menos. Impaciência. Alto-estradas percorridas por multidões que estão aqui, ali, em todos lugar e em parte alguma. Os refugiados do volante. As cidades transformam-se em albergues de automobilistas; os homens deslocam-se como nômadas seguindo as fases da Lua, dormindo esta noite no quarto em que você dormiu hoje e eu ontem.
Mildred saiu do quarto batendo com a porta. As "tias" da sala começaram a rir e a conversar com os "tios".
— Agora, vejamos as minorias na nossa civilização; estás de acordo? Quanto maior é a população, mais numerosas são as minorias. É preciso cuidado para não pisar os amigos dos cães, os amigos dos gatos, os médicos, os advogados, os comerciantes, os patrões, os Mormons, os Batistas, os Unitários, os Chineses de segunda geração, os Suecos, os Italianos, os Alemães, a gente do Texas ou de Brooklin, os Irlandeses, os habitantes do Oregon ou do México. As personagens apresentadas neste livro, aquela peça ou aquela outra emissão de televisão, não têm a mínima semelhança com pintores, cartógrafos ou engenheiros reais. Quanto maior é o mercado, menos você controla a controvérsia, Montag, lembra disto! Todas as minorias com o seu umbigo bem limpo. Autores cheios de maus pensamentos, fechem as máquinas de escrever. E eles fízeram.
As revistas tornaram-se numa amável mistura de tapioca e baunilha e os livros, segundo esses danados snobes dos críticos, eram água de lavar a louça. Não é de admirar que os livros deixem de se vender, diziam os críticos. Mas o público, sabendo o que queria, reagiu sem medo e deixou sobreviver os quarinhos. E as revistas eróticas em 3D, naturalmente. E, vê bem, Montag, o Governo nada teve que ver com isto. Nem um decreto, uma declaração ou censura, ao princípio. Não! A tecnologia, a exploração
do factor massa, a pressão exercida sobre as minorias e, aí estamos, a coisa estava lançada. Hoje, graças a eles, vives num optimismo permanente, tens o direito de ler os comias, as boas velhas confissões, ou os jornais corporativos.
— E depois? — perguntou Montag. — Mas que fazem os bombeiros no meio de tudo isso?
— Ah! — Beatty inclinou-se para a frente, no meio do nevoeiro de fumaça que o rodeava. — Nada mais simples, nada mais fácil de explicar. Formando os estabelecimentos de ensino cada vez mais corredores, saltadores, oportunistas, intrujões, pilotos, nadadores e assim sucessivamente, em vez de professores, críticos, sábios, artistas, a palavra "intelectual" tornou-se, bem entendido, a injúria que merecia ser. Tem-se sempre medo do insólito; lembras-te certamente do garoto que, na tua aula, sabia
sempre a lição, que se punha sempre à frente para responder enquanto os outros, sentados como ídolos de chumbo, o odiavam. Não era esse brilhante indivíduo que vocês escolhiam sempre para espancar e troçar, depois das horas de estudo? Claro que era. Devemos ser todos parecidos uns com os outros.
Ninguém nasce livre e igual aos outros, como diz a Constituição, mas cada um é modelado conforme os outros; todo o homem é a imagem do seu semelhante e, assim, toda a gente fica satisfeita. Já não existem montanhas para esmagar os vizinhos e provocar comparações. Ora! Um homem tem uma espingarda carregada na casa ao lado.Queime-a.
Descarreguemos a arma. Abatamos o espírito humano. Quem poderá dizer qual será o alvo do homem que tem lido muito? Eu? Não suportarei ser isto nem um minuto. Assim, quando as casas se tornaram enfim totalmente ignífugas no mundo inteiro (a sua suposição era justa, na noite passada), os bombeiros tornaram-se inúteis do ponto de vista tradicional. Foi, portanto, atribuída uma nova tarefa, a proteção da paz de espírito, a eliminação de nosso compreensível e ligítimos sentimento de inferioridade, tão compreensível como temível entre os homens; censores oficiais, juizes e carrascos. Eis a nossa tarefa, Montag, o teu e o meu.
Beatty esvaziou com pequenas pancadas o fornilho do seu cachimbo na mão, e estudou as cinzas como se procurasse um diagnóstico, a explicação de um símbolo.
— Deves compreender que a nossa civilização é tão vasta que não nos podemos permitir inquietar ou incomodar as nossas minorias. Faz a pergunta a você mesmo. Que procuramos nós, acima de tudo, neste país? As pessoas querem ser felizes, não acha? Não ouviu isso a vida toda?
"Quero ser feliz", declara cada um. E, bem, são eles felizes? Não velamos para que estejam sempre em movimento, sempre distraídos? Não vivemos senão para isso, não é a tua opinião? Para o prazer, para a excitação? E deves concordar que a nossa civilização fornece um e outra à saciedade.
— Sim.
— Os negros não gostam de Uttk Black Sambo. Queimem-o A. Cabana do Pai Tomás não agrada aos brancos. Queime-o. Um tipo escreveu um livro sobre o tabaco e o cancro do pulmão? Os fumantes ficam consternados. Queime o livro. A serenidade, Montag, a paz, Montag. Liquidemos os problemas, ou melhor ainda, lancem no incinerador; os enterros são tristes e pagãos? Eliminem igualmente. Cinco minutos após a morte, todo o indivíduo vai a caminho do Grande Crematório, por meio dos Incineradores servidos por helicóptero em todo o país. Dez minutos após a morte, o homem nada mais é do que um grão de poeira negra. Esqueçam-nos. Queimem-nos, queimemos tudo.O fogo é brilhante, o fogo é limpo.
— Havia uma garota aqui ao lado — disse Montag, lentamente. — ela não está mais aí. Morreu eu acho. Nem sequer lembro do seu rosto. Mas ela era diferente. Como explica isto?
Beatty sorriu:
— São casos inevitáveis, aqui ou em qualquer parte. Clarisse McClellan? Temos um dossier sobre a família. Tinhamos estreitamente vigiados. A hereditariedade e o meio são elementos curiosos. Não podemos desembaraçar todas as ovelhas ronhosas em poucos anos. O ambiente familiar pode minar o ensino escolar. Foi por essa razão que baixamos progressivamente a idade do jardim de infância e vamos agora buscar as crianças praticamente ao berço. Tivemos alguns falsos alarmes para os McClellan quando eles moravam em Chicago. Mas nunca encontramos um livro. O tio tinha uma ficha bem carregada: anti—social. A garota? Uma bomba de explosão retardada. A família tinha-lhe deformado o subconsciente, sem dúvida alguma. Notei ao consultar os seus boletins de escola. Não queria sabere como, mas o porquê das coisas. O que pode ser muito incômodo. A gente interroga-se sobre o porquê das coisas e, se se insiste, podemo-nos tornar muito infelizes. A pobrezinha está morta, e foi o melhor que lhe podia ter acontecido.
— Sim, morta.
— Felizmente, os anormais da sua espécie são muito raros. Sabemos como abafá-los no ovo, agora. Não se pode construir uma casa sem tábuas nem pregos. Se não se quer que a casa seja construída, escondamos as tábuas e os pregos. Se não se deseja que um homem ponha problemas de ordem política, não dê duas soluções à escolha; dê-lhe só uma ou, melhor, não lhe dê nenhuma. Que ele esqueça até a existência da guerra. Se o Governo é ineficaz, tirânico, se esmaga com impostos, pouco importa, desde que as pessoas não saibam nada. A paz, Montag. Instituam-se concursos cujos prêmios obriguem a decorar, a encher a memória com letras de canções em voga, com nomes de capitais de Estado ou com o número de quintais de milho colhidos no último ano.Encham os homens de informações inofensivas, incombustíveis, que eles se sintam a rebentar de "fatos", informados acerca de tudo. Em seguida, eles imaginarão que pensam e terão o sentimento do movimento, enquanto realmente apenas se arrastam. Serão felizes, porque os conhecimentos deste gênero são imutáveis. Não os levem para terrenos escorregadios como a filosofia ou a sociologia, em que tenham de confrontar a sua experiência. É a fonte de todos os tormentos. Todo o homem capaz de desmontar um esquema eletrico de televisão e de o tornar a montar —e, hoje, quase todos eles são capazes — é bem mais feliz que aquele que tenta medir, experimentar, pôr em equação o Universo, o que não pode ser feito sem que o homem tome consciência da sua inferioridade e da sua solidão. Eu sei-o. Experimentei. Ao inferno com isso! Conclusão: agarremo-nos aos clubes, às reuniões, aos acrobatas, aos prestidigitadores, quebra-cabeças, carros a reacção, motogiro-planos, ao sexo e à heroína, tudo o que não obrigue senão a reflexos automáticos. Se a peça é má, se o filme não tem sentido, tomemos uma dose maciça de teremina. Conidero sensível ao espectáculo desde que se trate apenas de uma reação tátil às vibrações. Mas estou nas tintas e tudo o que desejo é um sólido passatempo. — Beatty levantou-se. — Tenho de me ir embora. A conferência está terminada. Espero ter esclarecido as coisas.
O importante para ti, Montag, é lembrar que somos alegres foliões. EU, você e os outros. Fazemos frente à maré daqueles que querem mergulhar o mundo na desolação, suscitando o conflito entre a teoria e o pensamento. Agüentemos. Não deixemos a torrente de melancolia e da triste filosofia afogar o nosso mundo. Contamos contigo. Não creio que dês conta da tua importância, da nossa importância para proteger o optimismo do nosso mundo atual.
Beatty apertou a mão mole de Montag. Montag continuava sentado na cama, paralisado, como se a casa estivesse quase a cair-lhe em cima.
— Uma última palavra — disse Beatty. — Pelo menos uma vez na sua carreira, todo o bombeiro é atraído pela idéia de saber o que contam os livros. Oh! Este desejo de nos cocarmos, liem! Pois bem, Montag, acredita-me: li alguns, ao princípio, para saber de que se tratava... os livros não contam nada. Nada em que tu possas crer ou ensinar aos outros. Se são romances, falam de seres que não existem, de produtos da imaginação. No caso contrário, é ainda pior. Cada professor trata o outro de idiota, cada filósofo tenta gritar mais alto que o seu adversário. Correm em todos os sentidos, obscurecendo as estrelas, extinguindo o Sol. Sai-se daí completamente perdido. Agora suponhamos que um bombeiro, por acidente, sem idéia preconcebida, leva um livro para casa.
Montag reprimiu um ligeiro sobressalto. A porta aberta olhava-o com o seu grande olho vazio.
— Erro bem natural. A curiosidade, simplesmente — continuou Beatty. — Não nos inquietamos com isso. Deixamos o livro àquele que o arranjou, durante vinte e quatro horas. Em seguida, se ele mesmo não o queimou, vimos nós queimá-lo por ele.
— Perfeitamente — disse Montag, com a boca seca
(...)


sábado, 2 de julho de 2011


Cantinho feminino (é, estamos em maioria)

Formas estranhas de demonstrar amor...
ò.ó Esmurrando nosso ombro
ò.ó Ignorando (depois reclama quando passa a vez)
ò.ó Falando que a "outra" esta mais...
ò.ó Fingindo que nos escuta
ò.ó Atacando nossos momentos constrangedores em publico

Formas saudaveis de demonstrar amor
^.^ Abraçando
^.^ Comprando aquele doce quando estamos de TPM
^.^ Olhando nos olhos
^.^ Guardando um tempo para nos ouvir de verdade (pois é, a fala estava no pacote)
^.^ Beijndo como da primeira vez

Formas exageradas de demonstrar amor
>.< ciumes doentio
>.< ignorar a nossa e a sua individualidade
>.< concordar com nosso elogios para o Brad Pitt (?)
>.< Ser muuuito sincero quanto aquela roupa que nos engordou (mentiras sinceras nos interessam)
>.< Achar toda hora que o amor acabou só porque deixamos de fazer algumas coisas

Formas estranhas de ser feminina
# Peças de roupa com pelucia
# Imitar voz infantil
# Achar que aquela letra de funk machista é sobre sua vida
# apelidos pessoais ditos em publico
# Não gostar de aprender porque sua unica meta é casar e ter filhos

Formas saudaveis de ser feminina
@{- Pedir ajuda com um sorriso
@{- Usar aquela roupa que te favorece
@{- Se produzir (sem ficar vulgar) sem motivo
@{- Um detalhe charmoso no celular
@{- Ser independente e mesmo assim sonhar casar e ter filhos para complementar a vida

Formas exageradas de ser feminina
*}- Achar que seu sustento depende de um outro
*}- Chorar por tudo
*}- Ter medo até de gelatina verde
*}- Não cair na piscina pra não estragar a chapinha
*}- Ser eterna escrava de cosmeticos e marcas